A teia de aranha
Eu tive de ir ao sótão procurar uns jornais antigos.
Como toda a gente sabe, o sótão é o lugar da casa que menos é limpo. Nunca se convida as visitas para ir ao sótão. Nunca se utiliza o sótão, cheio de baús, malas e caixotes, para dar festas de aniversário. Até talvez não fosse má ideia…
Eu a entrar no sótão, e a esbarrar com uma teia de aranha.
— Que falta de consideração — barafustou a aranha. — Uma teia que me deu tanto trabalho a fabricar!
— Foi sem querer. Desculpe — disse-lhe eu, um tanto encavacado.
— Quem estraga, arranja — gritou-me ela.
— Mas eu não sei tecer teias de aranha…
— Então, não tivesse rasgado. Quem estraga, arranja — insistiu ela.
Não tenho feito outra coisa. Pedi instruções a um tecelão, a uma bordadeira e a uma senhora que trabalha em malhas. Cada uma ensinou-me o que sabia e eu, mal ou bem, com uma agulha muito fininha e um fio de nylon ainda mais fino tenho passado os dias no sótão a cosipar a teia da dona aranha.
Com tantas responsabilidades na minha vida, tantas histórias para contar, e sucede-me a mim uma destas.
Ainda se a aranha se calasse, mas não se cala:
— Quem estraga, arranja.
E sempre a desfazer do meu trabalho:
— Que falta de jeito. Que horror.
Mais dia, menos dia, também eu me enervo e mando a aranha contar histórias, em vez de mim. Sempre queria ver como é que dava conta do recado.
Como toda a gente sabe, o sótão é o lugar da casa que menos é limpo. Nunca se convida as visitas para ir ao sótão. Nunca se utiliza o sótão, cheio de baús, malas e caixotes, para dar festas de aniversário. Até talvez não fosse má ideia…
Eu a entrar no sótão, e a esbarrar com uma teia de aranha.
— Que falta de consideração — barafustou a aranha. — Uma teia que me deu tanto trabalho a fabricar!
— Foi sem querer. Desculpe — disse-lhe eu, um tanto encavacado.
— Quem estraga, arranja — gritou-me ela.
— Mas eu não sei tecer teias de aranha…
— Então, não tivesse rasgado. Quem estraga, arranja — insistiu ela.
Não tenho feito outra coisa. Pedi instruções a um tecelão, a uma bordadeira e a uma senhora que trabalha em malhas. Cada uma ensinou-me o que sabia e eu, mal ou bem, com uma agulha muito fininha e um fio de nylon ainda mais fino tenho passado os dias no sótão a cosipar a teia da dona aranha.
Com tantas responsabilidades na minha vida, tantas histórias para contar, e sucede-me a mim uma destas.
Ainda se a aranha se calasse, mas não se cala:
— Quem estraga, arranja.
E sempre a desfazer do meu trabalho:
— Que falta de jeito. Que horror.
Mais dia, menos dia, também eu me enervo e mando a aranha contar histórias, em vez de mim. Sempre queria ver como é que dava conta do recado.
António Torrado
Nenhum comentário:
Postar um comentário